sexta-feira, 7 de maio de 2010

Taça da Copa: o caminho desde 1974 até terras africanas em 2010

Troféu sucedeu Jules Rimet depois do Mundial no México, em 70




A taça da Copa do Mundo, que sucedeu Jules Rimet, nasceu com o compromisso de não ser de ninguém eternamente. Está ao alcance de qualquer país que demonstre ter o melhor futebol do mundo, ao menos naqueles mágicos 30 dias que acontecem a cada quatro anos.



Em 1974, ela debutou com elegância pelas mãos do alemão Franz Beckenbauer, o primeiro a erguê-la. Quatro anos depois, em 78, o argentino Passarella tratou de apresentá-la pessoalmente à América do Sul.


Em 82, no princípio da adolescência, estava prometida para a seleção brasileira. Foi amor à primeira vista, mas utópico e nunca concretizado. Ela acabou, resignada, nos braços do italiano Dino Zoff, 40 anos, o homem mais velho a conquistá-la.


Veio 86, auge da juventude, fase de muita energia, impetuosidade e irresponsabilidade. E a taça fez um par perfeito com Diego Maradona, o capitão improvável, que se impos como líder puramente pelo talento.

Mas em 90 bateu a crise do início da vida adulta. Com 20 anos, a taça deve ter pensado em largar tudo, derreter-se e virar um monte de medalhas olímpicas depois de se ver como prêmio de uma das Copas mais entediantes de todos os tempos. Foi 1 a 0 pra cá, 0 a 0 pra lá e ela acabou nas mãos do alemão Lothar Matthaus.



Já havia se passado 24 anos e até então a taça não tinha sido tocada pelo Brasil. Pareciam dois seres opostos, aparentemente inconciliáveis. Até que Dunga a ergueu com gritos, com raiva, querendo dizer que taça de Copa do Mundo que nunca havia sido brasileira não era taça com T maiúsculo. Ao consagrar os primeiros tetracampeões mundiais, a Taça entrou finalmente na maioridade.
 Isso, no entanto, não significou fidelidade. Bastou ir a um baile francês para ela virar as costas para o Brasil. Largou o antigo amor e foi se deliciar com os encantos de Paris de braços dados com Didier Deschamps

Mas não há lugar melhor no mundo do que sua casa, ela descobriu em 2002. Jardim Irene no peito, Cafu tratou-a com uma intimidade jamais vista, de brasileiro para brasileira. Subiu com ela em um pódio improvisado e a ergueu mais alto do que qualquer outro já fizera.


Chegou 2006 e a Taça estava doidinha para continuar em braços brasileiros. Fazia pressão para poder fixar residência, como a Jules Rimet. Se o Brasil a conquistasse pela terceira vez ela provavelmente pediria aposentadoria em terras tupiniquins, só faltava escolher o destino. Mas dessa vez foi o Brasil quem não a quis. Ela piscou, se insinuou, mas acabou esnobada. E foi, de novo, para um italiano, Fabio Cannavaro.

Seguiu viagem e aterrissou na África em 2010. Fará sua décima final de Copa do Mundo. É, até agora, a única presença confirmada na decisão de 11 de julho. E seja quem forem os convidados, será novamente a protagonista no fim da festa.



Por Rafael Pirrho

Cidade do Cabo, África do Sul para o G1

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